sexta-feira, dezembro 30, 2011

• Talvez


Talvez fosse só um dia qualquer, só mais um dia, só mais uma musica, só mais uma vez achando que nada a gente deve achar que é parar sempre, talvez!
Deitado estava lá, por debaixo do tronco de Ipê roxo, cigarro de palha entre os dedos, o Sol estalando forte contra seus olhos, a sombra estava cada vez mais curta, era inútil procurar algum lugar fresco em que pudesse refugiar sua alma daquele brilho cálido e sem piedade do Sol, o vento vez ou outra assoviava por entre as árvores, não havia nuvens, na verdade havia, mas não faziam diferença.
Rolou para lá, para cá, deu com ombros, soltou aquele suspiro, aliviou a pressão de seu cinto, queria descansar, queria refugiar, mas desde quando podemos nos refugiar daquilo que nos cerca, desde quando podemos deixar as coisas que não nos fazem bem e correr, jogar pro alto e dizer adeus, deixar o vento levar, falando em vento, há alguns minutos nem uma brisa tinha passado, o calor exaustivo, apanhou seu cantil que trazia sempre consigo, mas já estava no fim, duas ou três gotas caíram e ele apenas molhou os lábios. Pensativo, e num silencio ensurdecedor apenas ouvia o riacho tranquilo e calma e as gaivotas à gaivotarem no céu anil e brilhante. Retomou os pensamentos.
Na verdade posso ser livre, basta querer, basta se permitir, não sei se devo, é tão confortável viver na zona de conforto, é tão bom não se mexer e deixar as coisas seguirem seu próprio rumo, tudo era inevitável, ou não, só um talvez.
Talvez ele pudesse como gaivota voar pelo céu, mas se lembrou de Ícaro e pensou melhor, talvez como um peixe pudesse mergulhar no mais profundo do riacho, por de baixo das pedras lisas de limo e se esconder, viver ali na beira da solidão e da escuridão, cercado por tudo aquilo que ele precisa, sem viver os riscos da vida, talvez seria bom.
Talvez ficar ali estendido sob o sol das 4 e deixar o vento vez ou outra te refrescar seria bom, só um talvez.


Thiαgo Ψ

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